Entrevista Programa Encontro Fátima Bernardes

Entrevista Programa Encontro Fátima Bernardes
Rio de Janeiro.

Espacialistas discutem Criminalização do Bullying

Dos corredores das escolas para as manchetes de jornal. O bullying é assunto frequente nas mais diversas rodas de discussão, uma vez que, na atualidade, não há quem não se identifique com o assunto, que não se recorde de algum episódio de sua própria infância ou de conhecidos. A tragédia em Realengo reacendeu o tema e foi criada a primeira oportunidade de colocar opiniões de especialistas em pedagogia e responsáveis pela segurança pública frente a frente. No dia 03 de maio, foi realizado em São Paulo o I Simpósio Brasileiro sobre Bullying, promovido pelo Jornal Jovem em parceria com o SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo). Com mais de 600 participantes, o evento contou com a presença da educadora Cléo Fante, do pediatra Lauro Monteiro, da médica Margarida Barreto, da advogada Juliana Abrusio, da psicanalista e diretora do Jornal Jovem Sônia Makaron, do deputado federal Vieira da Cunha, da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara Federal, do deputado estadual por Santa Catarina, Joares Carlos Ponticelli e dos promotores de justiça da infância e da adolescência Thales Cezar de Oliveira e Mário Augusto Bruno Neto. Os dois promotores apimentaram as discussões com a apresentação de uma proposta de criminalização do bullying, com punição de um a quatro anos de reclusão aos infratores. Educadores e pesquisadores defendem que atos de agressão física ou psicológica sejam tratados e resolvidos dentro das escolas. A pedagoga Cléo Fante, autora de livros sobre bullying, é contra o projeto da Promotoria. “Devemos instrumentalizar nossas crianças e adolescentes para que eles não pratiquem o bullying. É preciso ensinar o convívio pacífico e a respeitar as diferenças”, defende. Sonia Makaron, psicanalista e autora do livro “Bullying: A malvadeza em ação”, concorda. “Optar pela criminalização enfraquece o fator educação”, afirma. Sonia defende a implantação de políticas públicas que estimulem as escolas a discutir e a trabalhar o bullying. Mesmo os promotores enfatizam que criminalizar não é a solução, mas consideram fundamental o reconhecimento da prática pelas escolas, que não admitem o problema e dificultam a ação do Ministério Público. Para a fundadora da ONG Educar Contra o Bullying, Cristiane Ferreira da Silva Almeida, o tema ainda é novo e muitas das escolas o tratam como brincadeira. “Falta vontade e informação na maioria dos casos, porque hoje o bullying já virou caso de saúde pública”, ressalta. Segundo os especialistas, a prevenção do bullying cabe às escolas, que devem investir em iniciativas que promovam o respeito e a tolerância, mas o papel dos pais é fundamental, apontando sempre as diferenças entre os caminhos certos e errados. Há que se cuidar, no entanto, da banalização, tanto do termo quanto do tema. Nem toda briga infantil é caso de bullying e não se deve privar os pequenos da convivência com crianças de outras idades, por receio de que algo aconteça. Segundo a psicóloga Rosely Sayão, os relacionamentos são verdadeiras lições de vida e são necessários para que as crianças aprendam, inclusive, a pedir ajuda quando necessário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário